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Panorama econômico: Aparentemente o fundo do poço foi em abril

Tempo de leitura: 4 minutos

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Victoria Werneck, economista-chefe da Icatu

Todo mês traremos até você uma análise do panorama econômico pela economista-chefe da Icatu Seguros, Victoria Werneck. Nesta edição você encontra o resumo da live feita por ela no canal da Icatu no YouTube, em 23 de julho.

Victoria começou o evento destacando a melhora nas projeções do PIB de 2020 de países desenvolvidos, após o início da pandemia. Os números ainda mostram uma recessão brutal, mas são mais otimistas. Há dois meses, a expectativa de queda do PIB dos EUA era de 8%, hoje é de 5,3%. Na área do euro, era de 10,2% e hoje é de 8,3%; no Reino Unido, era de 10,2% e hoje é de 9%; no Japão, era de 5,8% e hoje é de 5,2%. Finalmente, a projeção de crescimento da China passou de 1% para 1,4%, conforme dados do FMI e do jornal inglês The Economist.

Em termos de resultado fiscal, a previsão é de um aumento imenso do buraco em relação ao ano passado, “mas os dados serão ainda piores”, completou a economista. Até porque acaba de ser aprovado um pacote fiscal na zona do euro. “A Alemanha sempre foi um país austero nesse sentido, mas, dessa vez, Angela Merkel fez um esforço imenso para aprovação desse pacote, de forma a trazer alívio contra as consequências econômicas da pandemia”, explicou. E os mercados ficaram muito entusiasmados. Nos EUA, que estão gastando muito em termos fiscais, já estão discutindo no congresso um novo pacote extra de gasto fiscal.

Melhoras nas previsões

Victoria apresentou um slide com dados atualizados do Fundo Monetário Internacional (FMI). Ela chamou a atenção para a frase que compõe o material: “A crisis like no other, an uncertain recuperation” (Uma crise como nenhuma outra, uma recuperação incerta). Mas, dentro do possível, há boas novas. As previsões do FMI mostram uma queda do PIB mundial neste ano, de 4,9%, um número melhor do que na última previsão. E também indica crescimento de 5,4%, em 2021. Nas economias avançadas, a queda média do PIB em 2020 será de 8%, mas, para o ano que vem, estima-se crescimento de 4,8%. Nas economias emergentes e em desenvolvimento, como a nossa, para este ano é esperada uma queda média de 3%. Mas, para o ano que vem, há previsão de um crescimento de 5,9%, em média.

Em relação à inflação, em praticamente todo o mundo, os números de junho são bem menores do que os de dezembro de 2019. “A tendência é uma política monetária com juros baixíssimos e vários países fazendo compras de ativos para trazer liquidez ao mercado”, disse a especialista. “Se o Brasil estivesse numa situação de estabilidade política, com maior certeza sobre o futuro, com regras claras, estaria recebendo muito mais desse dinheiro, tanto na bolsa como em investimentos estratégicos”, completou.

Inflação abaixo da meta

Em relação ao IPCA, Victoria apresentou um gráfico com a evolução do índice, de janeiro de 2015 a junho de 2020. “Em 12 meses, temos um resultado de 2,13%. Lembro que o piso da meta inflacionária deste ano é de 2,5%. O IPCA está abaixo do piso”, pontuou. Já as previsões para o final de 2020, 2021, 2022, 2023 e 2024 são de 1,72%, 3,00%, 3,50%, 3,25% e 3,25%, respectivamente. “Nas projeções de consenso do mercado, a inflação está abaixo da meta, isso também em 2021”, disse ela.

Em termos de produção industrial, o último dado é de maio agora, que foi melhor que o do mês anterior. Houve aumento em todas as categorias. “Em 12 meses, a produção industrial caiu 5,4% e será negativa este ano. Mas, aparentemente, o fundo do poço da pandemia foi em abril”, concluiu. De maio a junho, tanto o índice de confiança do empresário industrial (CNI) como o do consumidor (FGV) subiram. “Quanto ao setor de serviços, incluindo varejo, não houve recuperação, mas deixou de despencar e melhorou em relação a março e abril”, explicou.

Mais uma década perdida

Segundo consenso de mercado do Banco Central, a projeção do PIB para 2020 é de – 5,95%. Para 2021, a expectativa é de crescimento, de 3,50%; para 2022, o número cai para de 2,50%; mantendo-se nesse patamar em 2023 e 2024. “O PIB per capita no final de 2020 será menor que o de 2010. Teremos mais uma década perdida. Dez anos remando para chegar a um lugar pior”, disse.

Quanto ao mercado de trabalho no país, a previsão é fechar o ano com cerca de 15% de desemprego. “Em 2021 teremos que fazer um esforço grande para diminuir essa taxa. A renda dos assalariados como um todo não caiu tanto por conta da ajuda do governo, estendida por mais dois meses. Mas é possível que seja necessário um novo programa de ajuda econômica, o que, por outro lado, aumenta o déficit primário”, que nos últimos 12 meses (até maio) ficou em 3,91% do PIB, ou R$ 282,9 bilhões. A expectativa é de fechar o ano com um déficit público total de R$ 800 bilhões. “É exatamente a economia que se espera ao longo de 10 anos com a Reforma da Previdência. Vai-se tudo num ano só por conta da pandemia”, disse.

Sobre a taxa de câmbio, em meados de maio, o dólar chegou a quase seis reais, mas sem pressionar a inflação, devido à grande recessão – há dificuldade de repassar o aumento do câmbio para o preço dos produtos. Nas últimas semanas houve uma apreciação cambial, mas com o dólar acima de cinco reais.

Já, a bolsa de valores, depois de cair abaixo de 70 mil pontos, vem se recuperando. A grande liquidez e a taxa Selic em 2,5% têm aumentado a busca por maior risco, inclusive de investidores estrangeiros. O Risco País (EMBI), que tinha subido, voltou a cair, conforme dados de 21 de julho. Ainda assim, o índice de 346 é muito alto comparado ao de 18 de fevereiro deste ano, que era de 198. “Há uma grande incerteza no mundo todo e também quanto aos emergentes”, explicou.

As previsões da especialista

Por fim, a economista-chefe da Icatu apresentou a sua própria projeção de cenário de curto e médios prazos para o PIB, Selic, IPCA e taxa de câmbio.

Índice201920202021
PIB1,14%-7,10%2,20%
Selic – fim de período4,50%2,00%3,25%
IPCA4,31%1,70%2,85%
Taxa de câmbio
(R$/US$ – fim de período)
4,03%5,10%4,90%

Encerrando a palestra, Victoria Werneck respondeu a perguntas de internautas. Ela deu sua visão sobre a reforma tributária, eleições americanas, China, taxação sobre grandes fortunas, CPMF, entre outros temas. A live inteira está disponível no canal da Icatu no YouTube. Assista aqui:

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