Carrinho, boneca, caixa registradora e moedas. Sim, não é preciso esperar as crianças crescerem para que o assunto finanças comece a fazer parte do dia a dia de nossos filhos, sobrinhos e netos. Aliás, o ideal é que a gente comece bem cedo.
Foi o que recomendou a psicóloga Priscila Rossi, durante uma live em nosso canal no YouTube, mediada por Luana Macedo, do time de Marketing da Icatu: “Quando falamos em educar as crianças financeiramente, fazemos referência ao desenvolvimento de habilidades financeiras e emocionais. E o melhor momento para isso ser trabalhado é justamente durante a infância, nos primeiros anos de vida.”
Segundo a especialista, além de ser importante para o futuro dos filhos, a educação financeira na infância também é necessária para garantir qualidade de vida para os pais e avós depois que as crianças crescerem.
“Quando educamos os nossos filhos financeiramente, corremos menos risco de na idade adulta eles serem dependentes da gente. Também garantimos mais autonomia para cuidar da nossa aposentadoria, para viver a terceira idade de uma maneira mais saudável, inclusive nos relacionando de uma maneira melhor com os filhos, porque o dinheiro passa a não ser um problema”, avaliou.
A educação financeira na infância não deve se restringir apenas a aprender a lidar com operações de soma e subtração. É preciso ensinar às crianças a conhecer suas emoções e a lidar com elas, destacou Priscila, que é mãe de dois filhos: “Sabemos que 95% das nossas decisões de compra são baseadas nas nossas emoções, e é preciso saber administrar o lado emocional na hora de lidar com o dinheiro”.
Priscila contou que é justamente nos primeiros anos de vida que as crianças estão desenvolvendo suas habilidades emocionais. Por isso, aprender a nomear e a entender suas emoções é importante para que futuramente ela consiga até mesmo fugir de armadilhas do consumo, como fazer compras porque está se sentindo alegre ou triste.
Mesada: como e quando
Um tema que não poderia faltar na conversa é a famosa mesada. Será que é recomendado dar dinheiro para os pequenos administrarem? Priscila acredita que sim: “A mesada é uma ótima ferramenta para ajudar as crianças a entender como o dinheiro funciona.”
O tema, repleto de nuances, é o que mais gera dúvidas entre seus seguidores e clientes. Por isso, ela fez o alerta: “A mesada é uma ferramenta de educação financeira para os pais. Ela não deve ser utilizada com o intuito de dar o dinheiro para a criança só para ela gastar. É uma ferramenta para ensinar a criança a usar o dinheiro, e para isso precisa que a gente acompanhe.”
E quando começar a dar mesada às crianças? É preciso que elas saibam pelo menos somar e subtrair, respondeu Priscila. “São as operações básicas que elas vão usar na hora de fazer as compras. Por volta dos seis, sete anos, a criança já tem essas habilidades matemáticas desenvolvidas.”
A educadora financeira deu uma dica importante: quando começar, opte pela semanada, e não pela mesada. “A gente não começa direto com a mesada, porque a criança ainda tem essa dificuldade de pensar no longo prazo. Um mês é muito tempo para ela.”
Na live, Priscila também recomendou que o valor deve ser de R$ 1 por ano de vida. Então, se a criança tem 7 anos, ela pode ganhar R$ 7 de semanada.
Data comemorativa: oportunidade para aprender
Dia das Crianças, Natal, aniversário… As datas comemorativas também podem ser usadas para ensinar os pequenos a se planejarem e a poupar para realizar um desejo material.
“Sempre que os meus filhos pedem para comprar alguma coisa fora das datas comemorativas, eu digo: ‘Se você quer muito esse brinquedo que está me pedindo, ou você pode usar sua mesada para comprar ou você pode esperar para ganhar na próxima data comemorativa'”, lembrou.
O que antes era apenas uma data por vezes associada ao consumismo pode se tornar uma poderosa ferramenta para formar adultos mais conscientes. “Você já vai desenvolvendo na criança outras habilidades: a da espera, da tomada de decisão, da escolha e consequência”, afirmou Priscila.
Presentes vantajosos para todos
E já que o assunto são as datas comemorativas, sabemos que é comum ter dúvidas sobre o valor do presente e até mesmo sobre o que dar para filhos, sobrinhos e netos. Luana, que também é mãe, e Priscila conversaram sobre esse tema na live.
Entre as recomendações, está a de não fazer dívidas para realizar um pedido da criança: “É necessário que você ensine para a sua criança sobre o seu padrão de vida. Sobre o que está dentro do seu orçamento. Então, colocar esse limite vai ajudar a criança a entender que não é tudo que ela pediu que vai conseguir ganhar nesse dia. Que você tem limite”, ensinou.
Para Priscila, no entanto, não devemos ficar presos à ideia de presente material. Levar a criança para um passeio ou uma viagem no dia do aniversário são opções que devem ser consideradas. “Oferecer experiências para essa criança ajuda bastante para que ela consiga entender o que é importante, e a diferença entre o dinheiro e as coisas que o dinheiro não compra.”
Planos para os pequenos
Durante a entrevista, ficamos sabendo que até mesmo nossos planos de previdência podem ajudar os pais e mães na tarefa de educar financeiramente os filhos.
Por exemplo, a entender o conceito de juros, explicou Priscila: “Quando a criança é mais velha, podemos colocar o dinheiro em alguma renda fixa ou variável para ela entender como isso funciona.”
E quando o pequeno é pequeno demais para compreender sobre multiplicação, juros compostos e acompanhar a rentabilidade de um investimento? “Uma alternativa que eu adoro e acho incrível é trabalhar com uma horta. A criança pega uma sementinha, planta, cuida, coloca água. E a gente vai ver essa sementinha crescer, se multiplicar, dar frutos. Esses frutos inclusive podem ser replantados e gerar mais frutos, que é exatamente o que acontece quando a gente investe”, comparou.
Viu só? Plantar a semente da educação financeira hoje pode render adultos que se relacionam de forma saudável com o dinheiro e o consumo.
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