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O “novo” pai

Tempo de leitura: 4 minutos

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Chico Bosco e Marcos Piangers falam sobre paternidade em live da Icatu

Na semana do Dia dos Pais, a Icatu Seguros reuniu dois jovens e celebrados pensadores brasileiros na live “O novo pai”. O filósofo Francisco Bosco recebeu o autor do best-seller O Papai é Pop, Marcos Piangers, cliente da Icatu, para falar sobre as dificuldades e desafios enfrentados pelos pais hoje e as mudanças esperadas para o futuro. O encontro aconteceu no dia 6 de agosto, com transmissão aberta e gratuita no canal do Youtube da seguradora, com tradução em libras.

Pai de Iolanda (oito anos), de Lourenço (prestes a completar sete) e prestes ganhar um novo filho, Bosco iniciou o bate-papo falando sobre o conceito de paternidade e masculinidade. “Antigamente, o papel do pai era o de provedor, de fiador material do amor e da responsabilidade da mãe e do filho”. Na década de 60, na esteira de uma revolução comportamental e do avanço do feminismo, isso começou a mudar. Nos últimos 10 anos houve um novo movimento de desconstrução dos papeis tradicionais, revelando que “a masculinidade é um papel de gênero historicamente inventado que traz muitos malefícios tanto à mulher como ao homem”.

Pai de Anita (15 anos) e de Aurora (8 anos), Piangers falou sobre a mudança de rumo na vida do homem quando a mulher engravida. Em geral, a primeira preocupação é com as finanças: preciso de uma casa grande, um carro maior… “É uma angústia que recai muito sobre o homem, que ainda se enxerga na posição de provedor, ainda que um terço dos lares no país sejam chefiados por mães sozinhas”, lembrou. Mas, na vida real as coisas não são bem assim. “É normal sobrevalorizarmos as necessidades”, disse.

Ao longo de seus 15 anos de paternidade, Piangers entendeu que o bem mais valioso que o pai tem que dar aos filhos é a sua presença, sua participação nas coisas mais simples do dia a dia: contar uma história, inventar uma brincadeira… “Quantas vezes dei presentes caros para minhas filhas, que se tornaram motivos de desavença e disputas entre elas. E muitas vezes elas deixavam o presente de lado e brincavam com a caixa”, lembrou. “As atividades favoritas das minhas filhas custam zero real. Minhas filhas ficam muito mais satisfeitas quando estamos interagindo do que quando estamos consumindo. A presença é muito melhor do que o presente”, disse.

Bosco e Piangers falaram também sobre a autonomia do filho. “O amor entre dois adultos é um amor entre duas pessoas autônomas. O amor entre pai e filho é o amor entre um sujeito autônomo e um ser que ainda não formou seu ego”, filosofou Bosco.

Com o tempo a criança vai ganhando autonomia e tornando esse laço diferente. “Para nós, pais, isso pode ser uma experiência narcísica muito dolorosa”, disse, lembrando que alguns pais e mães sabotam a autonomia dos filhos. “A paternidade é uma espécie de casamento com alguém que você não conhece”, disse Piangers. “Muitos pais amam o ‘ideal’ de um filho. Mas é preciso entender de fato quem é a pessoa que está ali. Amar o seu filho é amar como ele é de fato”, disse. Muitas vezes a paternidade ou a maternidade pode tentar preencher uma carência do pai ou da mãe e impedir o desenvolvimento do filho. 

Eles falaram também sobre a importância de dizer “eu te amo”. “Aprendi com minhas filhas a importância dessa verbalização”, contou Piangers. Bosco falou sobre o conceito “segurança de base”, da psicanalista francesa Françoise Dolto. Trata-se de um sentimento que a criança adquire sobretudo na primeira infância, por meio do amor parental. O sujeito que, por algum motivo, não desenvolveu essa segurança de base se melancoliza, sua relação com o mundo se torna muito mais insegura e as demandas afetivas se tornam muito mais complicadas. 

Bosco e Piangers comentaram sobre a terceirização da educação dos filhos. “Na virada do século XXI, grandes pensadores, economistas e empresários diziam que no futuro íamos trabalhar apenas três horas por dia. Eles achavam que, com o auxílio da tecnologia, as pessoas seriam mais produtivas e trabalhariam menos, mas isso não aconteceu… Essa auto exploração que estamos nos impondo nas últimos décadas é desumana”, disse Piangers, lembrando que a depressão e o estresse estão ligados a isso.

“Precisamos de uma vida mais equilibrada para dedicar tempo ao que importa: o cuidado com os filhos, a comunidade, o vizinho, os animais abandonados, os velhos. Precisamos de tempo livre para construir uma sociedade mais generosa”, completou. “A grande ideologia da era moderna é o trabalho, a obsessão pela produtividade. Essa produtividade se descolou do bem-estar das pessoas”, disse Bosco. “Talvez o horizonte do esgotamento dos recursos naturais nos obrigue a repensar esse mundo do trabalho”, refletiu. 

Outro tema foi o esporte, como a atividade física pode ajudar no relacionamento com os filhos e afastar as crianças dos jogos eletrônicos. “Os sistemas digitais são construídos de uma forma muito sedutora. Psicólogos trabalham junto com engenheiros para construir os sistemas mais viciantes possíveis, tão viciantes como máquinas de apostas”, disse Piangers. “Quando terceirizamos a educação dos filhos para as telas, além do prejuízo do aprendizado cognitivo tem a obesidade”, disse. É preciso trazer alternativas, algo extraordinário, divertido, diferente, pode ser futebol, bicicleta, patins, skate… “Estudos demonstram que o uso excessivo dessas telas com esse signos que ficam piscando, tudo muito fragmentado, desestrutura a concentração da criança com efeitos que ainda não sabemos avaliar. Nossos filhos são a primeira geração totalmente formada por esse mundo”, disse Bosco.

Foi uma hora de uma conversa cheia de reflexões, na qual Bosco e Piangers trouxeram uma visão muito lúcida sobre a paternidade nos dias atuais.

Quer ver na íntegra? Assista aqui!

Marcus Piangers: Tem 300 mil livros vendidos no Brasil, em Portugal, na Espanha, Inglaterra e nos EUA, tem mais de cinco milhões de fãs nas mídias sociais, tem meio bilhão de visualizações em seus vídeos, é presença constante nos palcos da TEDX e, acima de tudo, é pai de Anita (15 anos) e Aurora (8 anos), as meninas que dão sentido à sua vida. 

Francisco Bosco: Francisco Bosco é ensaísta, doutor em teoria da literatura pela UFRJ, autor dos livros A vítima tem sempre razão?, Orfeu de bicicleta: um pai no século XXI, Alta ajuda, E livre seja este infortúnio, Banalogias, entre outros. Foi presidente da FUNARTE entre 2015 e 2016. Atualmente apresenta o programa Papo de segunda, no GNT.

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