Como a guerra na Ucrânia pode impactar a economia brasileira?

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Convidamos a nossa economista-chefe, Victoria Werneck para falar sobre os efeitos da guerra na Ucrânia na economia brasileira e nos seus investimentos na Icatu.

Os impactos na guerra na Ucrânia na nossa economia

Há nove dias, no dia 24 de fevereiro, o mundo assistia aos primeiros movimentos da invasão da Ucrânia pela Rússia. Desde então, a economia russa vem passando por uma tempestade: o rublo, moeda oficial da Rússia, já desvalorizou 40%, o banco central de Putin aumentou a taxa de juros para 20% ao ano e até mesmo alguns bancos russos foram desligados do Swift, um sistema de intercâmbio de recursos entre empresas de vários países.

Apesar do derretimento da economia russa, a economia brasileira tem navegado bem esse mar revolto: o dólar vem caindo; a bolsa está subindo e os investimentos estrangeiros continuam entrando no país. Para nossa economista-chefe, Victoria Werneck, a guerra não deve causar grandes impactos na nossa economia.

“O Brasil está muito distante desse problema. Muito longe. Se a gente fosse sofrer consequências econômicas graves por conta desse conflito, não estaríamos com o dólar sendo negociado a, aproximadamente, R$5, em queda. O que está ocorrendo é exatamente o oposto. De alguma forma, estamos isolados disso tudo. Para o nosso bem”, avaliou.

Bolsa em alta e dólar em queda

Desde que o conflito começou, a bolsa brasileira vem subindo. No dia da invasão, o Ibovespa caiu 0,15%. No dia seguinte, já se recuperava, com alta de 1,39%. Nos últimos 8 dias, a alta acumulada é de 3,33%. “Estamos assistindo à entrada de capitais no Brasil. No caso russo, é o contrário”, comparou nossa economista-chefe.

Da mesma forma, o dólar não vem causando tantas preocupações. No dia da invasão, a moeda norte-americana subiu 2,26%. Depois, foram dias sucessivos de queda. Desde que o conflito teve início, a alta foi de apenas 0,31%.

“O que vem acontecendo com o real nos últimos sete dias mostra que as pessoas que têm investimentos em previdência não devem se preocupar: o real está até se valorizando”, destacou Victoria, que lembra que o principal objetivo da previdência é um recurso com um horizonte de longo prazo.

Se a bolsa e o dólar não preocupam, como deve se comportar a inflação? Victoria respondeu: “Pode ser que tenhamos um pouquinho mais de inflação do que se esperava por conta do preço do petróleo mais alto, do gás e de commodities em geral, como trigo e milho. Pode ser. Mas nada acima de 6% no fim de 2022. Lembrando que estamos vindo de uma inflação de mais de 10% em 2021″.

Com um leve aumento da inflação, como deve ficar nossa taxa básica de juros, já que a Selic vem tendo sucessivas altas? “Provavelmente, a Selic vai terminar o ano em 12,25%. Como a tendência é que a inflação não passe de 6%, estamos falando de juros reais de mais de 6%. Isso vai atrair o investimento de estrangeiros, sobretudo se a gente comparar os nossos juros com os dos Estados Unidos”, respondeu Victoria.

Hoje, o juro norte-americano está em zero. Mas espera-se que este ano o Fed aumente o juro para 1 ou 1,5% ao ano. “Como vocês podem ter observado, a renda fixa estará muito interessante. Não é à toa que o dólar, que já esteve cotado em R$ 5,74, hoje está em torno de R$ 5”, completou.

Futuro do conflito

Assim como diversos especialistas em relações internacionais, Victoria não acredita que a guerra vá se intensificar, com a entrada das forças armadas de outros países no conflito.

“O Putin acreditou que a China daria apoio incondicional à Rússia. Só que a União Europeia é um parceiro comercial imenso da China. Então, não acredito que essa guerra tome proporções maiores do que temos hoje.”

Ativos russos viraram ‘pó’

Na última quarta-feira, as agências de classificação de risco Fitch e Moody’s rebaixaram a classificação da Rússia em seis níveis, para a categoria “junk” (lixo) – a S&P já havia rebaixado a classificação do país para “junk” na semana passada.

A Fitch e a Moody’s afirmaram que as sanções ocidentais colocam em dúvida a capacidade do país de pagar sua dívida e enfraquecem a economia. “Isso nunca havia acontecido no mundo, exceto por uma queda na nota da Coreia do Sul, em 1997. Ou seja, todos os ativos russos viraram ‘pó’. A Rússia hoje corre um risco enorme de não pagar sua dívida em dólar”, explicou Victoria.

Segundo ela, o PIB russo deve ter este ano uma queda de mais de 10%. “Em uma semana, do ponto de vista econômico, a Rússia está destruída. O Putin está acuado. Ele não esperava que o resto do mundo tomasse essas medidas econômicas e financeiras”.

Além das sanções econômicas impostas pela União Europeia e os Estados Unidos, diversas empresas estão anunciando sua saída da Rússia. É o caso de Volkswagen, BP, Shell e Exxon, entre outras.

“Essa é uma guerra do século 21. Não é a Primeira e a Segunda Guerra Mundial, não é o tipo de narrativa que se tinha na época da Guerra Fria. É um contra-ataque do lado econômico. Os outros países não mandaram tropas, e não creio que mandem. É uma guerra com sanções econômicas”.

E como ficam os fundos de previdência?

Hoje, a grade da Icatu conta com mais de 130 fundos de 81 gestores, o que permite uma diversificação ampla das suas reservas para preservar a construção do patrimônio no longo prazo, independente do possíveis cenários econômicos.

“É difícil mensurar os impactos da Guerra nos preços dos ativos. Como mencionado, temos visto a bolsa brasileira se valorizar e o real se comportando bem, o que sinaliza que o Brasil pode não sofrer tanto, dado o alto fluxo de capitais. A bolsa brasileira parece descontada perante a outros países emergentes. Nossa taxa de juros está subindo de forma relevante, também atraindo recursos para a renda fixa.” afirma a Gerente de Produtos de Previdência, Talita Raupp.

Ela ainda acrescenta, “vale lembrar que é difícil ficar adivinhando para que lado vai o mercado, trocando de fundo de previdência por causa de tendências que não necessariamente serão resilientes ao longo do tempo. Se a ideia é manter seus recursos para o longo prazo, é importante fazer essa ponderação e avaliar se a alocação atual está adequada às suas pretensões e perfil de risco. E, é claro, nunca se esqueça de que a diversificação é o único almoço grátis em finanças, por isso é tão importante avaliar sua previdência dentro de um portfólio bem equilibrado.”

Ou seja, é inegável a dificuldade de lidar com eventos imponderáveis e suas implicações no seu planejamento financeiro, ainda mais quando se trata de previdência. Por isso, é importante estar convicto de que sua previdência está bem alinhada ao seu horizonte e perfil de risco, reavaliando-a periodicamente, em conjunto com seu especialista.

Fique ligado na próxima “Conversa com Especialista” no nosso canal do Youtube que traremos mais novidades sobre o assunto.

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