Como foi 2022 e o que esperar do próximo ano?

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Guerra, inflação em alta, aumento dos juros no Brasil e nos Estados Unidos, eleições. O ano de 2022 teve todos os ingredientes para colocar à prova qualquer gestora e estratégia de investimentos.

Como foi o ano e o que esperar de 2023? Para responder a essas perguntas, conversamos com Mauricio Bernardo, gestor da Vinland Capital, e Luis Felipe Amaral, da gestora Equitas.

Em parceria com a Icatu, elas oferecem aos nossos clientes dois fundos de previdência privada complementar: o Equitas Prev II Icatu, de ações, e o Vinland Macro V Icatu, um fundo de previdência multimercado.

Confira a visão dos gestores em temas como juros, inflação, PIB, recessão e a transição de governo.

Taxas de juros

Em 2021, a taxa básica de juros da economia brasileira fechou o ano em seu maior patamar desde 2017: 9,25%. Desde então, o Banco Central decidiu continuar elevando a Selic, já que a inflação não deu folga nos meses seguintes. “Em 2021, a gente ficava se perguntando: ‘O BC vai parar em 5%, 7%?’ E cá estamos com quase 14%. No Brasil, em 2023, a gente pode ficar com esses juros altos por mais tempo e até mesmo ter que subir mais, a depender da abordagem fiscal do novo governo”, previu Mauricio.

A elevação dos juros não foi exclusividade do Brasil: vários países tiveram de fazer o mesmo para frear a alta de preços.

Nos Estados Unidos, por exemplo, o Federal Reserve aumentou sua taxa de juros seis vezes em 2022, para um patamar entre 3,75% e 4% ao ano. Mauricio espera, no entanto, que a curva de juros nos EUA se mantenha “comportada” em 2023.

Para ele, parte do mundo vai pagar a conta desse aumento de juros ano que vem. “Esses efeitos da subida dos juros serão sentidos. Isso pode muito bem ser traduzido em uma futura recessão”, alertou.

Já Luis Felipe lembrou que vivemos uma espécie de “tempestade perfeita” em 2022, o que obrigou os bancos centrais pelo mundo a aumentarem suas taxas de juros: “Guerra, inflação, tudo isso nos levou para uma expectativa de aumento de taxa de juros que acabou nos impactando aqui bastante.

Após as eleições brasileiras, incertezas com relação à equipe econômica do novo governo e à forma como a questão fiscal será tratada a partir do ano que vem também mexeram com os juros. “Temos assistido a um vaivém na curva de juros no Brasil”, completou.

Evolução do PIB

Sobre o nosso PIB, Mauricio não tem bons prognósticos: “A gente continua pessimista sobre a atividade econômica, por isso temos pouca posição em bolsa. Parece bem inevitável que a gente tenha uma atividade mais fraca em 2023 e até em 2024 também. Devemos ter, segundo projeções, uma atividade ‘flat’ no ano que vem, mas podemos, infelizmente, ver esses números sendo revisados para baixo.

Segundo o Relatório Focus mais recente, pulicado pelo Banco Central, espera-se que o PIB brasileiro fique entre 0,68% e 0,70% em 2023.

A China e a recessão em 2023

De olho no exterior, já que o Vinland Macro V Icatu é um multimercado com ativos em várias partes do mundo, Mauricio também avaliou a situação da China durante a entrevista. “Nossa visão sobre a China tem muito a ver com a política de Covid zero. Isso vai ser muito importante para os preços das commodities e para o crescimento nos próximos anos e em 2023. O consenso do mercado está entre 4,5 e 5% de crescimento para o ano que vem. É o que a gente acredita também que vai acontecer.”

Com uma recessão no mundo já esperada para o próximo ano, será que a China poderia contribuir para que a recessão seja menor? “A gente sabe que a China tende a ser contracíclica em relação ao mundo. Acreditamos que ela pode, sim, buscar produzir mais estímulos para tentar manter a sua política contracíclica versus a atividade global”, apostou Mauricio.

Luis Felipe lembrou que a China tem uma influência importante na bolsa brasileira, foco de seu fundo de previdência. “A China foi um motor de crescimento para o mundo durante um bom tempo”, recordou.

Inflação

A inflação foi um efeito colateral provocado pelas políticas de estímulo econômico iniciadas em 2020, no auge da pandemia. 

Para Mauricio, gestor especializado em juros e inflação, o maior desafio em 2022 foi a alta de preços, que não ficou restrita ao Brasil: “Este foi o ano em que o mundo percebeu o desafio da inflação. A gente passou por um aumento de juros nas grandes economias, e nas economias emergentes também. A inflação sempre surpreendendo para cima, e obviamente tivemos que fazer esse ajuste na política monetária”, lembrou.

Tanto para Mauricio quanto para Luis Felipe, a inflação tende a entrar em uma trajetória de queda em 2023, e não trazer tanta preocupação como em 2022. “Se a gente pega a inflação de 12 meses, quando estivermos em abril ou maio do ano que vem, a gente pode ter um IPCA em 12 meses entre 3,2 e 3,5%”, previu Mauricio.

Não podemos esquecer que nosso juro real é muito restritivo. E a gente está com juros de 13,75%, 14%. Juro real de 10%. É muito restritivo, muito acima do nosso juro real de equilíbrio. De qualquer forma, é um juro que tende a fazer com que a inflação fique abaixo desses níveis altos que a gente observou em 2021 e 2022”, finalizou. 

Transição de governo

Luis Felipe definiu este momento de transição de governo como um período de incertezas. “Pode ser que o Congresso sirva de anteparo para esse ímpeto de expansão fiscal. Essa é a grande questão para o final do ano. A outra é a formação da equipe econômica”, destacou.

Para ele, estamos vivendo um momento de inversão de expectativa: “A premissa básica da maioria do mercado era de que não seria uma eleição binária no sentido de impacto na economia no curto prazo, mas a retórica do novo governo está resultando no que estamos vendo: um salto na alta da curva de juros, depreciação do real, e isso para a gente tem um impacto muito grande.

Ele continuou: “Temos agora a incerteza de passar essa PEC, mas pode ser que o Congresso sirva de anteparo para esse ímpeto de expansão fiscal. A outra grande questão para o final do ano é a formação da equipe econômica. Estamos exatamente nesse ponto de incertezas. É o que vai determinar o final do ano.

O que poderia assustar parte dos investidores (a incerteza) é um ingrediente relativamente comum para gestores experientes como Luis Felipe: “O que para a gente é importante quando tomamos decisões sobre investimentos é a incerteza. Ela sempre está presente. Estou no mercado há mais de 25 anos, e não me lembro de um momento sem incertezas”, garantiu.

Saiba mais sobre as gestoras em www.vinlandcap.com e www.equitas.com.br

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