Mudança no estilo de vida: o que a quarentena impôs?

Tempo de leitura: 6 minutos

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Foi de repente, compulsório e inesperado. Tão logo as notícias sobre o novo coronavírus começaram a ganhar relevância e a tomar forma de pandemia. Governos e autoridades de saúde decretaram quarentena e recomendaram máximo isolamento social. Do dia para noite, nosso cotidiano virou de pernas para ar e afetou, de forma sem precedentes, nosso estilo de vida.  

Famílias passaram a conviver intensamente numa espécie de “lar-escola-playground-escritório”. As empresas viraram espaços desabitados e correram para se adaptar ao trabalho remoto. O setor de serviço foi cruelmente afetado e obrigado a se reinventar.  

Essas foram algumas das grandes mudanças no estilo de vida que a quarentena nos impôs. Tivemos diversas outras, incluindo transformações mais sutis. 

Hoje, ainda sem um antídoto contra o vírus, a pressão pela retomada da vida social e pública nos solicita uma reflexão sobre esse período em casa.  O que aprendemos? Quais hábitos abandonamos? Qual mudança no estilo de vida vamos manter na retomada da escola e do trabalho? E da intensa convivência entre pais e filhos, o que vai ficar?  

Para responder essas questões e pensar um pouco conosco sobre a nova realidade e toda essa mudança no estilo de vida, continue lendo o artigo!

Mudança no estilo de vida com a quarentena obrigatória

Toda e qualquer mudança no estilo de vida pode ser sentida de formas diferentes, o importante é dar mais valor nas mudanças positivas!

Para nos ajudar a dar luz a essas questões, vamos contar com a experiência de uma das maiores referências sobre paternidade e família no Brasil: Marcos Piangers, palestrante, autor do best-seller O Papai é Pop e um entusiasta dos singelos momentos vividos em família.  

Para Marcos Piangers, a pandemia possibilitou mudanças positivas no estilo de vida. O palestrante pensa que “apesar de não estarmos preparados para, de uma hora para outra, ficarmos fechados num apartamento com barulho de cozinha e chute de bola rolando no meio de uma entrevista, muitas famílias se prepararam para ter uma vida unidos de forma saudável”. 

Poderíamos fazer aqui uma lista interminável de cenários e configurações familiares: Casais grávidos, separados, desempregados. Famílias com enfermos para cuidar. Solteiros. Pai, mãe e filhos, pela primeira vez juntos, sem ter do que reclamar. Todos, sem exceção, precisaram repensar a rotina e assimilar novos hábitos e mudança no estilo de vida. A reclusão impôs mudanças e trouxe lições valiosas sobre adaptação, empatia, criatividade, parceria e solidariedade. 

“Em geral temos um estilo de vida pouco saudável, corrido e ansioso. Com a pandemia, algumas coisas aceleraram, mas outras desaceleraram. O uso da tecnologia e a digitalização das nossas relações e cotidiano profissional, nos deu mais tempo e, até mesmo, mais produtividade nos tirando do trânsito e de tantas reuniões presenciais. Havia muita gente ansioso por isso falando sobre a necessidade de desacelerar, de ser mais paciente, de se aproximar e conhecer melhor os filhos” – analisa Marcos.

Piangers lembra ainda sobre a importância de percebermos nossos sentimentos nesse momento de união obrigatória da família. “Podemos sentir stress, raiva, indignação, sentimento de injustiça por não ter o controle da própria vida e passar isso de forma agressiva para nossos familiares. Mas também temos a escolha de aproveitar para tratar os incômodos dentro de nós e conversar sobre os problemas emocionais, achando caminhos para tornar esse momento mais conectado, afetivo e estar mais por dentro do que acontece na casa e na família” – comenta.  

Conexão e reconexão com a família

Muitos pais, pela primeira vez, estão participando da rotina dos filhos de forma integral, desde a alimentação, passando pelo ensino escolar até o apoio a lidar com os sentimentos.   Essa conexão com a família acaba sendo uma grande mudança no estilo de vida, visto a tecnologia e a volatilidade das coisas hoje em dia.

Enquanto os adultos mudam suas prioridades e começam a perceber que precisam de menos para viver, as crianças participam de uma nova dinâmica no lar, dividem tarefas e entendem o tempo e o valor das coisas.  

“Se pudermos aproveitar esse período para refletir como ter um estilo de vida menos autodestrutivo, ansioso e nervosos o tempo todo…Olhar a vida com mais gratidão, celebrar a trivialidade, a beleza, e o encantamento de tudo que nos cerca, temos chance de levar uma vida melhor que a anterior, mais saudável e equilibrada. Acredito, de fato, na chance de evoluir, questionar o estilo de vida anterior, e ter um retorno completamente diferente” – revela Piangers. 

Ele entende que a experiência atual permite que, no retorno ao trabalho, seja possível questionar e reavaliar, junto as empresas, a opção pelas atividades e interações remotas. Evitar trânsito e stress para Piangers é ter foco na produtividade e ter uma vida mais atenta a família, algo que é extremamente realizador para o ser humano. “A proposta não é trabalhar menos, mas trabalhar melhor” – explica. 

Os aprendizados que a pandemia nos trouxe

São muitos, tão amplos e profundos! Em tempos de crise, celebramos as pessoas que vivem em serviço à comunidade e abrem mão dos seus interesses íntimos pelo bem comum. Com essa mudança no estilo de vida, com um futuro incerto e estando todos num período de constante adaptação, toleramos mais. Tendo nossos planos modificados ou adiados durante a pandemia e, sem perspectiva de definições mais sólidas, aprendemos a viver no hoje, um dia de cada vez. 

Para Marcos Piangers, a pandemia mostrou a importância de separar um tempo exclusivo para cada filha, suas maiores fontes de inspiração. O período tem sido de reconexão com a primogênita adolescente de 15 anos. As rotinas antes não batiam. Os momentos e humores estavam sempre divergentes. “Agora, com mais tempo em casa, tenho a chance de estar disponível em mais momentos e me conectar com ela de uma forma especial. Este eu coloco na minha lista de aprendizados prazerosos” – conta. 

Piangers compartilha também outro aprendizado mais forte e delicado, que envolve a notícia de uma doença grave de sua mãe. “A possibilidade da perda de um ente tão amado transforma o coronavírus, as preocupações econômicas e os nervosismos cotidianos. Tudo isso fica diminuto. Percebemos que os detalhes que consideramos dignos de briga, raiva e agressão verbal, como o prato que não foi colocado na pia ou a toalha esquecida no sofá, são bobagens. Nos sentimos sensibilizados e arrependidos por dar grande peso a coisas tão pequenas”, conta. 

“As pessoas têm que despertar para o valor do tempo. Quero crer que a dor de não poder conviver ou estar perto de um familiar querido, tenha sido tão grande e profunda ao ponto de algumas famílias passarem a se valorizar, e a apreciar a presença e o tempo juntos. Muitas famílias, após a pandemia vão se respeitar mais. Muitos filhos vão agradecer o tempo ao lado dos pais, sabendo que eles estavam no grupo de risco e poderiam ter partido. Muitos pais vão valorizar a presença dos filhos, por terem entrado na engrenagem da casa, da criação, se conectado, trazendo mais significado para a vida, para o dia a dia e para a rotina. Temos a chance de valorizar o que realmente importa, depois de uma dor tão profunda” – pondera.  

Dicas extras do Piangers!

Uma grande mudança no estilo de vida pós quarentena é a relação com a família e com as dificuldades do dia a dia. O aprendizado pode ser mais fácil se aceitamos essas mudanças com cuidado!

Marcos Piangers lembra que podemos olhar ao redor e aprender com as pequenas dificuldades da vida e com o erro dos outros. “O aprendizado pode ser mais fácil, não precisamos ser teimosos. Tem gente que vai passar pela pandemia sem valorizar tudo o que realmente importa. O que tem mais valor é o tempo que passamos com as pessoas que a gente ama”, reforça. 

Para finalizar, Piangers compartilha dicas para tornar essa mudança no estilo de vida mais leve e gostosa. “A arte tem nos ajudado muito a trazer leveza para o momento. Estamos dançando, ouvindo música e vendo filmes juntos. A arte está dentro da gente. Vamos refletir…Antes de falar, as crianças cantam. Antes de caminhar, as crianças dançam. Antes de escrever, desenham. Antes de fazermos uso técnico dessas habilidades, a gente já se expressa artisticamente. E quando fazemos tudo isso unidos, as coisas ficam mais fáceis” – diz. 

O autor conta que se emociona ao ver com as filhas os filmes da época em que tinha a idade delas. “Lembro o que sentia e pensava. É muito bom se reconectar não só com nossos filhos, mas também com nosso eu infantil” – anima-se. 

Piangers também indica os traços do desenhista argentino Liners e os livros de Kurt Vonnegut que tem uma citação providencial para o momento atual. Ele cita: 

Kurt diz: “Perguntei ao meu filho, há algum tempo, qual era o sentido da vida, já que eu não faço ideia”. E o filho respondeu: – Pai, nós estamos aqui para ajudar uns aos outros a passar por essa coisa, o que quer que essa coisa seja”. 

Tudo isso vai passar. Vamos torcer para que as mais valiosas mudanças no estilo de vida tenham vindo para ficar e que, mais do que mudar rotinas e modos de agir, a pandemia esteja alterando mentalidades, modos de pensar. Se você quiser ouvir mais sobre o que Marcos Piangers tem a dizer, clique aqui para acessar a entrevista completa no canal da Icatu. Nos vemos lá!

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