Segundo um estudo do Banco Mundial, a maioria dos brasileiros não tem uma reserva de emergência para garantir estabilidade financeira em momentos difíceis. Ainda segundo os dados recolhidos, cerca de 44% dos entrevistados considera muito difícil reunir a quantia de R$ 2.500 para alguma emergência.
Apesar de a reserva de emergência não ser uma ferramenta tida como prioridade por uma parte expressiva dos brasileiros, ela continua sendo uma prática fundamental para um planejamento financeiro sólido.
Durante nossa vida, imprevistos podem acontecer e para se manter financeiramente saudável diante dessas situações, é necessária uma boa preparação.
Neste conteúdo, vamos explicar o que é reserva de emergência, como fazer, onde investir, por que é tão importante, entre outros pontos. Acompanhe.
O que é reserva de emergência?
A reserva de emergência é um montante de dinheiro guardado para momentos inesperados. Cabe aqui a perda de um emprego, o encerramento de um negócio, rendimentos menores do que o esperado, um acidente e gastos a mais com hospital ou remédios, por exemplo.
Podemos citar também um reparo emergencial na casa, carro ou ajuda financeira entre membros de uma mesma família. O destino deste dinheiro será para ajudar possíveis imprevistos relativos às finanças.
A importância da reserva de emergência!
Grande parte da população brasileira tem dificuldade em chegar ao fim do mês com sobra no orçamento. Podemos visualizar essa afirmação em uma pesquisa realizada pelo CNDL, juntamente ao SPC Brasil.
Esse estudo, de setembro de 2019, mostrou que 67% dos consumidores brasileiros não conseguem poupar nenhuma parte de seus rendimentos mensais, o que pode ser considerado preocupante em um país em que a população também não tem o costume de investir .
Ter uma reserva financeira para atravessar situações de crise, sem ter que recorrer a dívidas e empréstimos, é fundamental para uma vida saudável financeiramente. Na vida, podemos nos deparar com momentos sensíveis e, por isso, ter uma reserva de emergência deve ser um pré-requisito.
Por que não fazer uma reserva de emergência e passar por imprevistos com mais tranquilidade, equilíbrio, segurança e menos impactos ou perdas significativas no padrão de vida, não é mesmo?
Agora que você já sabe o que é uma reserva de emergência e sua importância, que tal aprender como fazer a sua própria reserva?
Como fazer reserva de emergência?
Os especialistas indicam que o valor acumulado de uma reserva de emergência deve ser o custo de vida da pessoa durante 6 meses. Repare que não estamos nos referindo ao salário, mas sim, às despesas mensais. O seu padrão de vida terá muita influência na composição desse valor.

Para que a sua reserva de emergência seja ideal, é importante fazer o calculo da maneira certa!
Um detalhe que pode variar, de pessoa para pessoa é o período sugerido que deve ser adaptado conforme o perfil do seu trabalho e sua empregabilidade. Por exemplo, para quem tem maior estabilidade no emprego, uma reserva de emergência de três e quatro meses pode ser suficiente. Já para autônomos, sem benefícios empregatícios, pode ser necessário um período maior, em torno de 6 meses ou mais.
Sempre leve em conta tanto o cenário macroeconômico quanto questões mais particulares, como exemplo, a sua facilidade de recolocação ou perspectiva de demissão. Em qualquer caso, quanto maior o valor, melhor seu preparo para uma eventualidade.
Reserva de emergência: Como calcular?
O primeiro passo é organizar as contas e saber quanto você gasta por mês – sempre considerando os gastos fixos e aqueles que variam de mês para mês.
Considere como os custos fixos: aluguel, água, gás, TV a cabo, seguro de vida, plano de saúde, mensalidades de clube, escola, curso de idiomas, por exemplo. As despesas anuais como IPTU e IPVA podem ser divididas por 12 meses e o valor da parcela pode ser incluído no valor mensal. Como custos variáveis, considere: supermercado, cartão de crédito, entretenimento e combustível.
Se o total do seu custo mensal for de R$ 4 mil, o quanto você deve guardar de reserva de emergência seria, pelo menos, 6 vezes esse valor, ou seja, R$ 24 mil.
Dicas para aprender a como criar uma reserva de emergência
Agora que você já aprendeu como calcular a reserva de emergência, o que acha de conferir algumas dicas para criar uma? Acompanhe:
1. Organizar as contas
O primeiro passo é ter um controle detalhado das finanças, ou seja, saber de tudo o que se ganha (considerar o valor líquido já com deduções) e o que se gasta na família. Faça este registro por pelo menos três meses.
2. Definir um valor para poupar mensalmente
Agora que você pode visualizar com clareza as oportunidades de economia e corte de gastos supérfluos, é hora de definir um valor fixo mensal a ser poupado ou um percentual da renda. Ao contrário do que muitos pensam, o valor da reserva financeira pode ser acumulado aos poucos, não é necessário ter o valor cheio logo de cara. O importante é que represente, de fato, seus custos mensais reais.
Este é um dinheiro que desejamos nunca usar. Porém, caso o dia chegue, a situação exigirá dispor do valor, ou de parte dele, de forma imediata.

Criar uma reserva financeira não é tão complicado quanto parece, é só calcular o valor ideal, como ensinamos, e começar a poupar!
A primeira orientação é que o recurso seja aplicado em um investimento de baixo risco e alta liquidez. Portanto, pense que esse montante não deva sofrer grandes picos ou variações, para não correr o risco de uma surpresa negativa.
Onde investir a reserva de emergência? Confira 3 opções
Na reserva de emergência, a liquidez do investimento pesa mais que sua rentabilidade, mas isso não significa fazer péssimas aplicações. Há quem decida dividir o valor entre algumas boas oportunidades. Veja 3 opções de investimento para reserva de emergência que sugerimos a você:
1. Tesouro Selic
O Tesouro Selic é ideal para a reserva de emergência porque tem liquidez diária e o resgate do dinheiro acontece em D+1. Ele também é considerado o mais seguro, visto que é um título do Tesouro Nacional e conta com a garantia do governo federal.
Quem investe no Tesouro Selic empresta dinheiro para o governo financiar investimentos na saúde, educação e infraestrutura em troca de rentabilidade igual ao valor da própria taxa Selic (taxa básica de juros da economia). Em razão da pandemia e da consequente crise econômica temos registrado os mais baixos índices desse indicador (cerca de 3% ao ano em maio).
2. CDB
O CDB (Certificado de Depósito Bancário) são títulos emitidos pelos bancos. Para fins da reserva de emergência,a opção ideal seriam os CDBs com liquidez diária que podem ser resgatados a qualquer momento, no mesmo dia que precisar.
Sua remuneração pode acompanhar o CDI (benchmark da renda fixa). Este investimento traz a vantagem de ser protegido pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC) para valores até R$ 250 mil por CPF ou CNPJ.
3. Fundos DI
Antes de explicar a importância dos fundos DI, vale destacar o que é um fundo de investimento.
Os fundos são um tipo de investimento gerenciados por profissionais, que decidem onde investir o dinheiro dentro de certas regras e objetivos. Eles podem investir em ações, títulos públicos e imóveis, por exemplo.
Quando você investe em um fundo, está comprando “pedaços” dele. Chamamos esses “pedaços” de cotas. Se os investimentos do fundo se valorizarem, o valor das suas cotas também aumenta. Se perderem valor, o valor das suas cotas diminui. É uma maneira de investir de forma mais diversificada e com a expertise de profissionais cuidando do seu dinheiro.
Os fundos DI são conhecidos especialmente entre quem quer formar uma reserva de emergência. Eles são um tipo de fundo de renda fixa em que, pelo menos, 80% do dinheiro é investido em ativos ligados à variação da taxa de juros, índices de preço, ou ambos.
Esta alternativa de fundo de investimento tem sua composição feita com ativos de renda fixa indexados à taxa CDI. Importante ressaltar que possui taxas (administração e performance) e também não contam com a proteção do FGC.
- Leia também: O que é educação financeira?
Quem não tem emprego de carteira assinada, precisa fazer?

Fazer a reserva de emergência é bom para ter uma maior estabilidade financeira.
Se você não tem emprego formal, ou seja, não tem um trabalho embasado pelos direitos e deveres contidos na Consolidação das Leis de Trabalho (CLT), que tem como característica o registro oficial na carteira de trabalho, uma quantia guardada é uma boa estratégia.
Dessa maneira, a Reserva de Emergência pode ser, sim, uma ferramenta importante para o microempreendedor individual (MEI), principalmente quando essa atividade é a sua única fonte de renda. Nesse caso, o dinheiro guardado pode ser usado em situações emergenciais para cobrir algum custo inesperado, por exemplo.
Afinal, o profissional autônomo não recebe um salário fixo, e os rendimentos podem variar muito de um mês para o outro.
Agora que você entendeu a importância da reserva de emergência, comece a montar a sua o mais rápido possível e garanta estabilidade financeira para você e sua família.
Gostou de aprender como calcular uma reserva de emergência? Então, sugerimos que leia também o artigo: Como sair da crise com planejamento financeiro?